LEVANTAMENTO PRELIMINAR DA FLORA DO CERRADO DE CAMPO MOURÃO (PARANÁ, BRASIL) E SUA VALORIZAÇÃO

Abstract

Apesar da existência de leis relacionadas à proteção ambiental e da crescente preocupação com a conservação dos recursos genéticos, ecossistemas significativamente importantes, seja por seu uso direto ou potencial, ou pela diversidade biológica que apresentam, sofrem um processo contínuo de degradação, causada, sobretudo pela ação antrópica. Este fenômeno é muito evidente nas distintas regiões da América do Sul, e não tem sido diferente nos Estados do Sul do Brasil (Paraná,Santa Catarina e Rio Grande do Sul). De acordo com Troppmair (1990), o Estado do Paraná ocupa um espaço de transição entre as regiões tropical e subtropical. As partes altas, onde anualmente ocorrem geadas, representam o limite biossociológico entre as espécies tipicamente tropicais e subtropicais. O mesmo fenômeno de delimitação se repete nas condições ambientais físicas, de clima, da hidrologia e dos solos. Entretanto, as interferências socioeconômicas das últimas décadas foram drásticas nas áreas central e noroeste do Estado. Neste período, a ocupação e agregação populacional foram das mais intensas do país. Na década de 70, eram comuns as imigrações rural-rural e rural-urbano. Até meados da década de 80 a população rural era mais numerosa que a urbana. Em 1980 houve um equilíbrio entre as duas e a partir desta época, a população urbana superou a rural, verificando-se a urbanização extremamente acelerada (Troppmair, 1990). Tais variações demográficas e a expansão das áreas agrícolas, refletem profundamente sobre a estrutura do solo, levando ao desaparecimento quase completo de todos as paisagens naturais com sua cobertura vegetal originária, a exceção da ‘Serra do Mar’ e dos ‘Campos Gerais’. Destes, restam como testemunhos somente algumas ilhas não protegidas e áreas legais de preservação. Um exemplo é o que se verificou no município de Campo Mourão, Estado do Paraná. Este município caracteriza-se por apresentar uma diversidade de formações vegetais, entre elas o cerrado ou savana. Considerado o limite meridional deste bioma no planeta, em área subtropical, relicto de um clima pré-histórico e, portanto um ‘fóssil vivo’, apesar de controvérsias acerca de ser um elemento invasor ou uma vegetação clímax (Maack, 1950; Ferri, 1960). A exploração agrícola e os assentamentos urbanos reduziram a área deste cerrado a pequenas ilhas esparsas, o que seguramente se considera um impacto ambiental. Entenda-se por impacto ambiental as alterações drásticas nas estruturas e fluxos do sistema meio ambiente, ocorridas em espaços de tempo reduzidos. Meio ambiente inclui, neste caso, o meio abiótico, biótico, noótico, social e econômico (Troppmair, 1988). Embora seja difícil uma avaliação monetária completa dos prejuízos socioeconômicos em função da perda de espécies e seus genes, principalmente tendo em conta os poucos conhecimentos sobre relações de efeitos ecológicos, o ambiente natural tem um valor de existência para a população afetada, a mesma causadora de tal feito. No presente estudo, portanto, se realizou um levantamento florístico do cerrado, caracterizando a autenticidade de sua vegetação, e também relacionou a ocorrência de um impacto ambiental ao valor da biodiversidade perdida.